Sem ter como voltar pra casa, a cada 100 alunos só 15 frequentam aula à noite





A escassez da frota operante do sistema de transporte público de Ilhéus, especialmente após as 20 horas, tem causado um enorme prejuízo ao ano letivo dos estudantes da rede estadual de ensino. A denúncia é da sindicalista e vereadora Enilda Mendonça (PT). A parlamentar efetuou um levantamento em três importantes escolas da rede estadual e chegou a um número preocupante – e devastador para o futuro: dos 1.181 matriculados nas três unidades escolares, apenas 177 estão frequentando as aulas regularmente. Ou seja: a cada 100 alunos matriculados, apenas 15 estão comparecendo às aulas. A professora Enilda atribui a evasão à limitação do transporte coletivo para quem precisa do sistema para retornar para casa. “Não existem ônibus para atendê-los”, assegura.

Para chegar a este número, a professora pesquisou a frequência à noite nas Escolas Paulo Américo e Nelson Schaun, ambas no Malhado, e no antigo Ceamev, no centro. No Paulo Américo o levantamento apontou que dos 229 estudantes matriculados, apenas 100 frequentam regularmente as aulas. No Nelson Schaun, uma das mais importantes instituições de ensino técnico da região, dos 600 matriculados, a regularidade existe para apenas 47. E no antigo Ceamev, dos 352 estudantes, 30 comparecem à escola.

No polêmico acordo feito entre a Prefeitura Municipal e as empresas, que virou alvo de investigação na Câmara, para além de uma ajuda de 15 milhões de reais pelo tempo em que o sistema parou de funcionar, há uma cláusula que determina o funcionamento de 85 por cento da frota operante, com o anúncio do retorno das aulas presenciais, como já é o caso. Com o retorno à normalidade, diante do fim das medidas restritivas, as duas empresas teriam que circular com toda a frota existente. “Não há mais medidas restritivas, as pessoas não estão mais impedidas de circularem nas ruas. Porque o sistema não retornou por completo?”, questiona a vereadora.

Para ela, não precisa muito esforço para perceber a diminuição significativa da frota a partir das 20 horas. Enilda destaca que a maior parte dos estudantes do turno da noite, trabalha no comércio e não dispõe de outro horário para estudar. “É preciso o governo fiscalizar, fazer cumprir o acordo que eles mesmos estabeleceram”, criticou. Este acordo a que a vereadora e sindicalista se refere é alvo de uma investigação na Câmara Municipal.

Para além de uma milionária ajuda financeira às empresas, o acordo ainda prevê aumento da tarifa, com valores diferenciados para as tarifas urbanas e rurais (mais caras, obviamente) e redução ainda maior da frota em caso de não cumprimento da parcela acordada e que, também, a prefeitura se abstenha de instaurar processo administrativo em desfavor das empresas visando apurar eventual descumprimento do contrato de concessão, bem como não sejam adotadas quaisquer medidas coercitivas, sanção política, direta ou indireta, visando a retaliação das empresas de ônibus. Tem mais: está acordado aprovar uma isenção de ISS que deverá ter período mínimo de vigência de mais ou menos 2 anos e 4 meses e combater o transporte alternativo.

Fonte: Site Jornal Bahia Online

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