A 26ª edição do Grito dos Excluídos defende a preservação da vida em primeiro lugar e se opõe a tudo que o governo de Jair Bolsonaro representa. “Tem gente que não coloca a vida em primeiro lugar. É triste quando se coloca em primeiro lugar o lucro, a ganância. Além disso, hoje também tem muita gente colocando em primeiro lugar o preconceito, a violência, a tirania. É preciso servir, valorizar e defender a vida. Nesse tempo de pandemia, de morte, a vida precisa retornar ao seu lugar. O grito é esperança”, afirmou Dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima, vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Neste ano, o lema do Grito dos Excluídos será Basta de
miséria, preconceito e repressão! Queremos trabalho, terra, teto e
participação! Os organizadores apontam que o lema se impôs ao observar a crise
social e sanitária imposta pela pandemia mundial de covid-19 e os graves
retrocessos sociais impostos pelo governo Bolsonaro.
“Quem são os que gritam hoje? Não são apenas vozes. Têm
rostos. De encarcerados, povo em situação rua, comunidades tradicionais, povos
indígenas, periferias, trabalhadores em serviços precarizados, ciganos,
migrantes, circenses. Gritamos porque tem vozes sendo abafadas, oprimidas”,
disse Dom Mário.
Valorização do SUS
Um dos temas principais será a valorização do Sistema Único
de Saúde (SUS) e seus profissionais. Rosilene Wansetto, coordenadora do Grito
dos Excluídos e da Romaria dos Trabalhadores, manifestou solidariedade às
famílias das 117 mil pessoas mortas pela covid-19 e criticou a falta de um
plano de ação. Além do desdém do governo Bolsonaro sobre a perda dessas vidas.
“Essas vidas poderiam ter sido poupadas se tivéssemos um
governo de verdade. Nós temos um desgoverno. Lá em fevereiro a gente já via que
estávamos vivendo um governo sendo conduzido por um fascista, um genocida, que
não valoriza a vida. Ainda não tínhamos em vista a pandemia, que se construiu
nos meses seguintes”, lembra Rosilene. “O governo aplicou menos de 50% do
orçamento para combater a pandemia. É preciso lembrar que o SUS é a política
pública que tem salvado vidas nessa pandemia. E valorizar a importância da
saúde pública”, afirmou.
Teto dos gastos
O Grito dos Excluídos também faz referência à urgente
necessidade de revogação da Emenda Constitucional (EC) 95, o chamado Teto de
Gastos. Segundo a coordenadora da Romaria dos Trabalhadores, a alardeada crise
econômica não pode mais servir de justificativa para tirar direitos da
população e reduzir serviços públicos.
“A gente vê o quanto isso está impactando na ausência de
políticas públicas, em todas as áreas. Revogar essa emenda constitucional é
urgente. Essa crise não é nossa, não é do povo brasileiro”, afirmou.
Dia do Grito
O Grito dos Excluídos é celebrado anualmente no dia 7 de
setembro, quando são realizadas manifestações em vários locais do país. No
entanto, por conta da pandemia, parte desses atos será realizada virtualmente e
também com carreatas.
Além disso, neste ano, a coordenação estabeleceu que todo dia
7 de cada mês, antes e depois de setembro, será um “Dia D do Grito”, por
entender que a exclusão é uma constante durante todo o ano, resultado de um
sistema econômico injusto.
(Rede Brasil Atual, Rodrigo Gomes, 28/08/2020)
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