Confira abaixo matéria completa do Jornal Correio da Bahia, publicada na íntegra no site APLB da última quarta-feira (16). Professor Rui Oliveira defende investir mais em escolas de tempo integral.
O Ministério da Educação (MEC) divulgou os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2019, na terça-feira (15), e os números não são animadores: a Bahia teve o terceiro pior desempenho do Brasil entre os alunos do Ensino Médio. Empatado com o Rio Grande do Norte, a nota dos baianos – 3,5 – só foi pior do que a dos estudantes do Amapá e Pará (3,4) e está longe da meta estipulada para este ano, que era de 4,5. A média brasileira foi de 4,2, também abaixo do previsto, de 5,0.
Nos anos finais do Ensino Fundamental, a Bahia ocupa o penúltimo lugar no ranking, ao lado de Sergipe, Rio Grande do Norte e Pará, com uma nota de 4,1. A avaliação está abaixo do planejamento estadual, de 4,5. A pior média foi do Amapá, de 4,0, e somente sete estados conseguiram alcançar o objetivo.
No que tange aos anos iniciais do Ensino Fundamental, o
cenário melhora um pouco – o estado baiano subiu e ficou com a sexta pior
avaliação, com uma nota de 5,3, isto é, 5 décimos acima do objetivo do estado, de
4,7. Os piores resultados estão no Rio Grande do Norte (5,2), Sergipe (5,1),
Maranhão (5,0), Pará e Amapá (4,9). O Brasil atingiu a média desejada somente
nos anos iniciais, registrando 5,9. Já no anos finais, a nota ficou em 4,9 –
três décimos abaixo da meta.
Por outro lado, mesmo ainda que esteja em posições ruins, a
Bahia vem melhorando nos últimos anos. O secretário de educação da Bahia
Jerônimo Rodrigues ressalta para os esforços feitos na rede estadual de ensino
no últimos anos, que se mostraram nos números: na rede estadual de ensino, a
nota foi de 2,7 para 3,2 entre os alunos do Ensino Médio. “Nós investimos na
formação de professores, temos agora um coordenador pedagógico e reativamos o
sistema estadual de avaliação. Somos o estado que mais cresceu no Nordeste”,
ratifica o secretário.
O Ideb é um índice utilizado pelo MEC para avaliar o desempenho dos estudantes de escolas públicas – redes estadual, municipal, e federal – e privadas, em três níveis: no 5º ano, que se refere às notas dos anos iniciais do Ensino Fundamental, no 9º ano (anos finais do Ensino Fundamental), e no 3º ano do Ensino Médio. O índice, que vai de 0 a 10, é calculado com base na aprovação escolar e nos exames do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), ao qual os alunos são submetidos a provas de Matemática e Língua Portuguesa.
Ao final da matéria, você encontra as escolas baianas com as
piores e melhores avaliações. A melhor nota, de 7,1, foi do Colégio Militar, e
a pior foi do colégio estadual Batista Neves, de 2,3. No relatório divulgado
pelo Ministério, somentes as escolas públicas estaduais estavam com os dados do
Ideb 2019 atualizados. Os idebs mencionados de caráter nacional referem-se aos
dados totais, que incluem escolas públicas e privadas da zonas urbana e rural.
Já os regionais incluem as escolas da redes pública e privada somente da zona
urbana.
A pesquisadora e gestora de projetos educacionais Patrícia
Mota Guedes, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social, alerta que,
apesar dos números não tão promissores, existe uma luz no fim do túnel, pois o
Ideb baiano vem aumentando nos últimos anos nos três níveis. “É preciso olhar a
evolução daquele estado em relação a suas metas. Nesse sentido, temos algumas
boa notícias, porque a Bahia superou a meta do Ideb para os anos iniciais”,
analisa a pesquisadora.
Guedes sinaliza ainda que, apesar da importância do índice,
existem alguns critérios subjetivos de avaliação que escapam aos números. “É um
termômetro importante, mas sozinho não dá os caminhos necessários para apoiar
os professores, para fazer um planejamento pedagógico, para analisar a
granularidade das diferenças em sala de aula”, pontua.
Patrícia Guedes é pesquisadora e gestora em projetos educacionais. Crédito: Patrícia Stravis.
Educar em tempo
integral
Para progredir no ranking e na qualidade do nível de ensino,
a sugestão do presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia
(APLB), o professor Rui Oliveira, é investir mais em escolas de tempo integral,
a fim de fixar a aprendizagem em sala de aula com atividades lúdicas no turno
oposto. Além disso, com esse método, a defasagem entre os alunos poderia ser
reduzida, acredita o professor.
“Os alunos do fundamental vêm com muitas dificuldades e
deficiências, e você pode corrigir esse contratempo com escolas de tempo
integral. Educação não se resume a sala de aula e a escola é um espaço onde vai
tornar você um homem crítico”, defendeu o professor e presidente da APLB.
Oliveira citou como exemplo Pernambuco, estado que tem investido nessa prática
e ganhou destaque no Nordeste, assim como o Ceará.
Salvador cresce no Ideb
Mais uma vez, Salvador cresce em qualidade de educação. De
acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2019 divulgado
nesta terça-feira (15) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no Ensino Fundamental I, Salvador cresceu
de 5,3 em 2017 para 5,6 em 2019 – índice superior à meta estabelecida para
2021. No Ensino Fundamental II, esses números passaram de 3,9 em 2017 para 4,3
em 2019, ultrapassando a meta estabelecida pelo MEC. Se comparados a 2013, os
índices dos dois segmentos registraram crescimento acima de 40%. Salvador está
entre as três capitais que mais avançaram no IDEB nos dois segmentos nesse
período.
O município subiu duas posições no ranking entre as capitais
passando para o 16° lugar no Ensino Fundamental II. E avançou uma posição no
Fundamental I, ficando no 15° lugar. Em 2013, Salvador estava na última
colocação. “São conquistas a serem comemoradas. Salvador vem mudando o cenário
da educação municipal desde 2013 e o Ideb é reflexo disso”, comemora o
secretário municipal da Educação, Bruno Barral. A cada dois anos o ensino das
escolas públicas de todo o Brasil é avaliado nos aspectos aprendizagem dos
alunos (através da Prova Brasil) e rendimento escolar (taxa de aprovação), que
compõem o cálculo do Ideb.
Na avaliação de Barral, o resultado positivo é fruto de uma
série de ações adotadas pela Prefeitura desde o início da primeira gestão do
prefeito ACM Neto. Ele cita os investimentos na requalificação da
infraestrutura escolares, que resultou em mais de 60% das unidades
completamente reformadas, construídas ou reconstruídas. “O ambiente físico das
escolas é um fator que influencia na aprendizagem. Assim, além das obras
investimos também na instalação de ar condicionado, no mobiliário, em parques
infantis. Tudo para que alunos se sintam bem, em um ambiente agradável e
acolhedor”, diz.
Na parte pedagógica, entre outras ações, o trabalho focou na
construção do material próprio Nossa Rede, que valoriza a cultura e hábitos
locais o que traz identificação e pertencimento, refletindo no aprendizado.
Para corrigir a distorção idade/ano, foram implantados os programas Se liga e
Acelera, junto com o Instituto Ayrton Senna. No combate à evasão, a Prefeitura
e o Parque Social criaram o Agente da Educação.
O secretário cita, ainda, a Prova Salvador (Prosa) que
consiste na avaliação dos alunos por uma consultoria externa. São aplicadas
duas provas, uma no início do ano e outra no final. “Com base nesses dados, a
Smed, em trabalho conjunto com professores, coordenadores e gestores, constroi
estratégias para melhorar o aprendizado. Podemos dizer que é um trabalho
cirúrgico, que se debruça em cada um dos descritores para que o processo
educacional ganhe cada vez mais qualidade.”
A Smed adquiriu material didático específico voltado para o
Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) tanto para alunos quanto para
professores. O material tem como foco a compreensão leitora e o desenvolvimento
da competência matemática. Segundo Barral, outro instrumento importante nesse
processo foi a implantação do Sistema de Monitoramento e Acompanhamento (SMA),
que permite o acompanhamento individual dos alunos em vários aspectos além das
notas, como frequência e livros lidos. “É mais um instrumento que traz informações
importantes para o planejamento e tomada de decisões pedagógicas e que compõe
esse arcabouço de ações e projetos que estão fazendo de Salvador a capital que
mais avança em educação”, conclui.
ENSINO FUNDAMENTAL Anos Iniciais – Nota nacional: 5,9 (meta: 5,7)
Alunos são: 79,2% da rede municipal e 20,5% (privada) e 0,3%
estadual.
Bahia – 5,3 (meta 4,7) – sexto pior estado do Brasil. Somente
53,8% dos municípios baianos atingiram a meta.
Ranking nacional ordem decrescente – São Paulo (6,7),
Distrito Federal, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais (6,5), Ceará (6,4),
Goiás (6,2), Espírito Santo (6,1), Rio Grande do Sul (6,0), Mato Grosso e Acre
(5,9), Rio de Janeiro (5,8), Mato Grosso do Sul, Piauí e Roraima (5,7),
Alagoas, Tocantins, Rondônia (5,6), Pernambuco e Amazonas (5,5), Paraíba (5,4),
Bahia (5,3), Rio Grande do Norte (5,2), Sergipe (5,1), Maranhão (5,0), Pará e
Amapá (4,9)
IDEB nacional últimos anos – 2005 (3,8), 2007 (4,2), 2009
(4,6), 2011 (5,0), 2013 (5,2), 2015 (5,5), 2017 (5,8) e 2019 (5,9)
IDEB Bahia últimos anos – 2,7 (2005) 3,4 (2007) 3,8 (2009)
4,2 (2011) 4,3 (2013) 4,7 (2015) 5,1 (2017), 5,3 (2019)
ENSINO FUNDAMENTAL Anos Finais – Nota nacional: 4,9 (meta: 5,2)
Alunos são: 71,1% rede municipal, 15,3% rede estadual e 13,5%
escolas privadas.
BAHIA – 4,1 (Meta: 4,5). Somente 17,1% dos municípios baianos
atingiram a meta. Bahia só perde para Amapá e empata com Sergipe, Rio Grande do
Norte e Pará.
Ranking nacional ordem decrescente – São Paulo (5,5), Ceara (5,4), Goiás e Paraná
(5,3), Distrito Federal e Santa Catarina (5,1), Espírito Santo e Piauí (5,0),
Rio de Janeiro, Minas Gerais, Acre e Rondônia (4,9), Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Rio Grande so Sul, Pernambuco (4,8), Alagoas, Tocantins (4,7) Amazonas
(4,6), Paraíba e Roraima (4,3), Maranhão (4,2), Bahia, Sergipe, Rio Grande do
Norte e Pará (4,1), Amapá (4,0,).
IDEB nacional últimos anos – 2005 (3,5), 2007 (3,8), 2009
(4,0), 2011 (4,1), 2013 (4,2), 2015 (4,5), 2017 (4,7) e 2019 (4,9)
IDEB Bahia últimos anos – 2,8 (2005) 3,0 (2007) 3,1 (2009)
3,3 (2011) 3,4 (2013) 3,7 (2015) 3,7 (2017), 4,1 (2019)
ENSINO MÉDIO – Nota nacional: 4,2 (meta: 5,0)
Alunos são: 87,3% rede estadual, 2,7% Federal, 9,4% rede
privada, 0,6% rede municipal.
Bahia – 3,5 (meta 4,5) – só perdeu para Amapá e Pará, empatou
com Rio Grande do Norte.
Ranking nacional – Goiás e Espírito Santo (4,8), Paraná
(4,7), São Paulo (4,6), Distrito Federal e Pernambuco (4,5), Ceará (4,4),
Rondônia (4,3), Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Minas
Gerais (4,2), Rio de Janeiro (4,1), Paraíba, Tocantins e Piauí (4,0), Alagoas,
Roraima e Acre (3,9), Maranhão (3,8), Sergipe (3,7), Mato Grosso e Amazonas
(3,6), Bahia e Rio Grande do Norte (3,5), Amapá e Pará (3,4).
IDEB nacional últimos anos – 2005 (3,4), 2007 (3,5), 2009
(3,6), 2011 (3,7), 2013 (3,7), 2015 (3,7), 2017 (3,8) e 2019 (4,2)
IDEB Bahia últimos anos – 2,9 (2005) 3,0 (2007) 3,3 (2009)
3,2 (2011) 3,0 (2013) 3,1 (2015) 3,0, (2017) 3,5 (2019)
TOP 11 Escolas com maior nota pelo ideb 2019COLÉGIO MILITAR
DE SALVADOR – 7,1
COLEGIO DA POLICIA MILITAR – UNIDADE II CPM LOBATO – 5,5
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA – 4,9
COLEGIO DA POLICIA MILITAR – CPM JOAO FLORENCIO GOMES – 4,7
COLEGIO ESTADUAL CPM LUIZ TARQUINIO – 4,6
COLEGIO ESTADUAL DE TANQUE NOVO – 4,6
COLEGIO ESTADUAL YPIRANGA – TEMPO INTEGRAL – 4,4
COLÉGIO ESTADUAL PROFESSORA ELISABETH CHAVES VELOSO – 4,2
COLEGIO ESTADUAL PROFESSORA MARIA ANITA – 4,2
COLÉGIO ESTADUAL CONSELHEIRO VICENTE PACHECO DE OLIVEIRA –
TEMPO INTEGRAL – 4.1
COLEGIO ESTADUAL SATELITE – 4,1
TOP 12 escolas com menor nota no ideb 2019
COLEGIO ESTADUAL BATISTA NEVES – 2,3.
COLEGIO ESTADUAL ALBERTO SANTOS DUMONT – 2,4
COLEGIO ESTADUAL HELENA CELESTINO MAGALHAES – TEMPO INTEGRAL
– 2,6
COLEGIO ESTADUAL DOUTOR JOAO PEDRO DOS SANTOS – 2,7
COLEGIO ESTADUAL ANA CRISTINA PRAZERES MATA PIRES – 2,7
COLEGIO ESTADUAL RAYMUNDO MATTA – 2,8
COLEGIO ESTADUAL SARA VIOLETA DE MELLO KERTESZ – 2,8
COLEGIO ESTADUAL ALIPIO FRANCA – 2,9
COLEGIO ESTADUAL PROFESSORA NOEMIA REGO – 2,9
COLEGIO ESTADUAL POLIVALENTE SAN DIEGO – 3,0
COLEGIO ESTADUAL PROFESSOR CARLOS ALBERTO CERQUEIRA – 3,0
COLEGIO ESTADUAL SETE DE SETEMBRO – 3,0
Fonte: aplbsindicato.org.br/
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