A CUT e a “Jornada pelo Desenvolvimento”

Queremos ajudar o Brasil a mudar
Juçara Dutra Vieira - Presidente da CNTE

A decisão da CUT em protagonizar a “Jornada pelo Desenvolvimento” demonstra, acima de tudo, a independência, a autonomia e o arrojo, além da capacidade de mobilização política e de visão comprometida da Central em apontar alternativas à política econômica do governo Lula, ainda submetida às amarras do neoliberalismo imposto ao país na década de 1990 e início de 2000.
É imprescindível, neste momento, em que as forças de elite tentam se reorganizar - após a derrota no pleito eleitoral - para impor ao governo novos ataques de ordem política e uma agenda econômica restritiva aos trabalhadores, que as classes populares se organizem para defender seus direitos e contra-impor suas pautas com foco na promoção do trabalho e pelo fim da “ciranda financeira”, que insiste em perdurar, especialmente por meio dos juros exorbitantes da dívida pública.
Os crescentes superávits primários têm criado sérios obstáculos a um novo processo de desenvolvimento econômico e são, sobretudo, fruto de pressões (ameaçadoras do ponto de vista da governabilidade) dos detentores da dívida pública nacional. Enquanto esta estrutura vigorar, não restará ao governo e à sociedade (exceto aos abastados) administrarem os recursos tidos como insuficientes para alavancar o crescimento econômico e o desenvolvimento social.
Neste sentido, a “Jornada pelo Desenvolvimento”, mais que um marco de posição contra a retirada de direitos dos trabalhadores, deverá apontar a disposição da classe trabalhadora em mudar os rumos da economia - sobretudo da distribuição de renda - uma vez que a estrutura política está sendo processualmente alterada, expurgando-se o neoliberalismo.
Este é um momento, ainda, de os trabalhadores demonstrarem sua solidariedade para com os excluídos do processo produtivo e das relações de cidadania. Por isso, nossa luta transcende às reivindicações do mundo do trabalho, indo ancorar nos demais direitos fundamentais, dentre eles, o direito à educação – catalisador das transformações do indivíduo e da sociedade.
Do ponto de vista dos trabalhadores, e em especial do ramo da educação, lutamos pela melhoria da qualidade do ensino público, a fim de torná-lo universal aos brasileiros e democrático à comunidade escolar. Lutamos pelo combate à violência nas escolas, por melhores condições de infra-estrutura e de valorização dos profissionais, através do Piso Salarial Profissional Nacional, das Diretrizes Nacionais de Carreira e do reconhecimento dos Funcionários de Escola como Profissionais da Educação junto à Lei de Diretrizes e Bases.
Continuamos a acreditar em um outro mundo possível, por meio da união dos trabalhadores e de toda a sociedade brasileira (ao menos dos setores progressistas). Queremos ajudar a transformar as condições que impedem nosso desenvolvimento como nação justa e independente. Temos certeza de que dia 15 de agosto daremos nova aula no sentido de afirmar nossas posições, de agregar novos parceiros à luta e de cobrar do governo mais participação social nas decisões do país.
Viva a classe trabalhadora! Viva a CUT independente e autônoma!

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