Parabéns, Amado Jorge!

 

Foto: Maurício Maron

Um homem, um escritor, cidadão do mundo, ícone cultural e turístico. Facetas que, somadas, fazem de Jorge Amado o fio condutor da narrativa do turismo cultural, em Ilhéus, no sul da Bahia, região detentora de rico patrimônio cultural e ambiental. Com a moldura de um exuberante litoral e Mata Atlântica, o cenário histórico e cultural abriga a nação grapiúna, multiplicidade étnica e de costumes assim definida pelo autor, cujo imaginário permeia o cotidiano nesse espaço geográfico e social.

Nascido em 10 de agosto de 1912, se estivesse vivo, Jorge Amado completaria hoje 109 anos. O autor abriu uma janela global para o local, ajudando a consolidar a natural vocação de Ilhéus para o turismo. Nascido em Itabuna, foi “adotado” por Ilhéus, ainda na infância, e aqui começou uma carreira que o projetaria, internacionalmente, como um contador de histórias por excelência. Escritor brasileiro, mais lido e traduzido no exterior, com cerca de 50 obras, buscou inspiração nas paisagens para ambientar suas tramas, e na gente da terra para compor personagens, resultando em livros de forte apelo turístico-cultural.

As obras são espelho de sua experiência pessoal, reflexos de sua vivência, do que viu, ouviu e viveu, segundo relatos do próprio escritor e daqueles com quem dividiu a jornada, como a escritora e companheira Zélia Gattai. Nos livros que retratam a saga do cacau, Gabriela cravo e canela, Terras do sem fim e São Jorge dos Ilhéus, Jorge Amado localiza na história da Ilhéus dos anos 30, os símbolos da chamada civilização cacaueira: com seus “frutos de ouro”, os coronéis, donos das terras, das riquezas e do poder, no Sul da Bahia, dominavam a cena política, econômica e social, por meio da força, da violência dos jagunços, das emboscadas, submetendo trabalhadores rurais e toda a gente desfavorecida da sociedade da época.

O universo ficcional amadiano é o palco da viagem imaginária e, também, o ponto de partida da jornada turística, a aventura real, o trânsito para visitação dos locais que inspiraram a ficção. No espaço documental audiovisual, em depoimento para o cineasta Ruy Santos, Jorge Amado declarou certa vez: “Eu nunca escrevi senão sobre aquilo que eu vivi, sobre aquela realidade que eu conheço, por ter vivido, nunca por ter sabido, por ouvir dizer, por ler nos livros e, sim, por ter aprendido na vida” (Jorge Amado, o menino grapiúna, 1992).

Texto: Renata Smith

 

 


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