CUT denuncia Philips por ingerência política

Multinacional defendeu movimento golpista em anúncio
CUT denuncia Philips por ingerência política
Por: Isaías Dalle e Paula Brandão

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) formalizou nesta quarta-feira, 15/08, denúncia contra ingerência política da Philips no Brasil. O documento assinado pelo presidente da CUT Artur Henrique, pelo secretário-geral Quintino Severo e pelo secretário de Relações Internacionais, João Felício, foi protocolado no Ponto de Contato Nacional (PCN) brasileiro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Brasília, e também na Holanda, sede da multinacional.

A denúncia foi motivada por anúncio publicado no último dia 27, veiculado em meia página pelos principais jornais do país, em que a empresa conclamava seus funcionários e a população em geral a participar de um ato de protesto com objetivo político-partidário.

Esta atitude da Philips desrespeita a “Declaração sobre o Investimento Internacional e as Empresas Multinacionais”, diretrizes formuladas pela OCDE que disciplina as atividades das multinacionais em outros países. Em seu item 11, (em II–Políticas Gerais), o documento assim define o comportamento das multinacionais nas políticas dos países onde estão instaladas: "abster-se de qualquer ingerência em atividades políticas locais".
Leia a íntegra do documento.


OCDE

Fundada em 1948 pelos países do Hemisfério Norte, com o nome de Organização para Cooperação Econômica Européia, nasceu com o objetivo de reconstruir a Europa arrasada pela 2a Guerra. Em 1961, passou a ter a denominação atual –OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) – quando adotou a resolução de impedir a interferência direta das multinacionais nas políticas internas da América Latina, após os sucessivos golpes militares na região apoiados por grandes grupos empresariais. Posteriormente à derrubada de Allende, no Chile, a OCDE, constrangida, elaborou em 1975 o documento “Declaração sobre o Investimento Internacional e as Empresas Multinacionais”.

O documento da OCDE não impede, no entanto, que a interferência se dê nos bastidores. Seu item 11 recomenda algo que poderia ser comparado a um código de postura, logo, quebrá-lo, como no caso da Philips do Brasil, é algo gravíssimo porque demonstra um total menosprezo da empresa em questão às regras básicas. Se a OCDE der visibilidade à denúncia, a principal punição à multinacional pode ser um arranhão na sua imagem – consumidores mais politizados podem passar a rejeitar seus produtos, por exemplo.

"Especialmente na Europa, onde fica a sede da Philips, a população costuma se posicionar contra esses desmandos", comenta Nelson Canesin, assessor da Secretaria de Relações Internacionais da CUT.

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